domingo, 5 de setembro de 2010

Não sei quem sou.



Não sei quem sou, que alma tenho.
Quando falo com sinceridade
não sei com que sinceridade falo.
Sou variamente outro do que
um eu que não sei se existe. . .
Sinto crenças que não tenho.
Elevam-me ânsias que repudio.
A minha perpétua atenção sobre mim
perpétuamente me ponta
traições de alma a um carácter que
talvez eu não tenha,
nem ela julga que eu tenho.
Sinto-me múltipla.
Sou como um quarto com inúmeros
espelhos fantásticos
que torcem para reflexões falsas
uma única anterior realidade que não está
em nenhuma e está em todas.
Como o panteísta se sente árvore (?) e até a flor,
eu sinto-me vários seres.
Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente,
como se o meu ser participasse de todos os homens,
incompletamente de cada (?),
por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço."






















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